James Canton, autor do livro "The Extreme Future",
trabalha há mais de 30 anos como
conselheiro de empresas e governos, incluindo o Governo dos Estados Unidos. É
um dos poucos especialistas no estudo do futuro a partir das megatendências que
geralmente dão origem às grandes transformações humanas. A sua missão consiste
em acompanhar a evolução dos acontecimentos humanos e perceber o impacto que
eles terão no futuro a curto, médio e longo prazo.
Por exemplo, Canton procura responder a perguntas como
estas:
1º Qual o futuro da humanidade se até ao ano 2050 as
questões do aquecimento global e as alterações climáticas não ficarem
resolvidas (em 2050 o planeta Terra deverá ter quase o dobro da população
actual);
2º Quais as implicações reais que o aumento da informatização
dos serviços e a rapidez da internet terão na vida das pessoas, em especial no
trabalho?
Como é que Canton procede? Ele utiliza a inteligência e os
conhecimentos de muitos especialistas e empresas para compreender como as
coisas muito provavelmente vão acontecer. A sua organização, o Institute for
Global Futures, tem um sistema de vigilância através da internet que lhe
permite recolher informações em mais de um milhão de fontes (laboratórios de
pesquisa médica, empresas de alta tecnologia, NASA, etc.). É com base em todo
esse imenso material que ele constrói cenários sobre o futuro.
Despertar a nossa consciência...
O livro de Canton é muito importante e eu recomendo-o
vivamente. É uma espécie de manual sobre o futuro não impossível. Para quem
esperar viver mais 10, 20, 40 ou 50 anos este livro é fundamental. Mais ainda
para os pais cujos filhos vão viver quase todo o século XXI. O livro desperta a
nossa mente para realidades que hoje já são futuro, tal a velocidade a que as
mudanças estão a acontecer.
Qual é a vantagem de conhecermos melhor o que provavelmente
vai acontecer dentro de 5 ou 10 anos, ou mais?
No século XXI, dominado pela informação e a tecnologia, esse
conhecimento é muito importante. É que, tal como se previra, o nosso mundo está
a transformar-se radicalmente e a uma velocidade incrível em muitos domínios
que vão afectar a vida do cidadão comum e ainda mais dos nossos filhos.
Podemos pensar que estas coisas modernas só interessam a uns
quantos. Puro engano. Ingenuidade, talvez. É que o mundo, hoje, é a tal
"aldeia global" onde o que acontece a 5 mil ou 10 mil quilómetros de
distância (uma invenção, uma alteração da Bolsa, uma falência, uma alteração
política, etc.) pode ter um impacto não negligenciável na nossa vida agora ou
no futuro.
Cidadãos informados são cidadãos mais esclarecidos, mais
habilitados a cuidarem do seu próprio futuro e dos seus interesses.
Lembremo-nos que as boas decisões só podem ser tomadas por
quem tenha ao seu dispor as melhores informações. Por exemplo, quando os nossos
filhos precisam de decidir sobre o futuro eles devem estar informados sobre os
cursos e as carreiras profissionais que interessarão não agora mas daqui por 6
ou 7 anos quando saírem da universidade. Ora 6 ou 7 anos é, hoje em dia, um
período de tempo em que muita coisa acontece, até mesmo ao nível das
profissões.
O extraordinário mundo novo que estamos a viver neste século
XXI, com todas as suas coisas boas e menos boas, faz um apelo crescente à nossa
inteligência, à nossa capacidade de aprender e ao nosso senso crítico. Mais do
que nunca a inteligência é aquilo que separa as pessoas e as empresas mais
competitivas das menos capazes de se adaptarem; mais do que nunca a necessidade
de aprender e de reciclarmos os nossos conhecimentos se tornou numa urgência
inadiável; mais do que nunca o sentido crítico se revela determinante para
sabermos fazer escolhas e tomar decisões.
Guia para o século XXI
Competitivo, incerto, rápido, indeterminado, complexo, eis o
nosso mundo.Colocar a cabeça na areia e ignorar que as transformações sociais,
tecnológicas, económicas e outras interferem na nossa vida é má política e pode
ser suicida. Por isso recordo aqui alguns conselhos de Augusto Cury que recolhi
na sua teoria da Psicologia Multifocal.
1º Desenvolvermos a Arte da Pergunta (sermos curiosos na
procura de mais saberes).
2º Desenvolvermos a Arte da Dúvida (para que nos
interroguemos sobre nós próprios e os outros antes de tomarmos decisões).
3º Desenvolvermos a Arte da Crítica (fundamental para
decisões inteligentes).
4º Analisarmos as diversas variáveis que estão em jogo para
atingirmos os nossos objectivos (procurando prever os obstáculos, o impensável
e o inesperado mas não impossível).
5º Valorizarmos as relações sociais e procurarmos ser
agentes sociais.
6º Aprendermos a expor as nossas ideias (o mundo hoje ferve
de ideias e inovações).
7º Termos uma visão multifocal da espécie humana.
8º Expandirmos o mundo das ideias através do uso das artes
da inteligência (a arte da pergunta, dúvida, crítica, observação, análise).
9º Aprendermos a colocar-nos como "eternos"
aprendizes.
10º Procurarmos ser engenheiros de ideias actuando com
consciência crítica.
Nelson S Lima
Nelson S Lima