Num mundo ao ritmo da "wikinomia (*) é altura de
pensarmos em como melhorar a nossa própria performance.
Em 2000, o reputado professor de psicologia Robert
Sternberg, em colaboração com Elena Grigorenko, lançaram um pequeno manual cujo
título em português a Editora Artmed (Brasil) cunhou de Inteligência Plena.
Embora fosse escrito a pensar na valorização da inteligência na escola e
tivesse como alvos, por conseguinte, os professores, o livro é uma obra prática
que nos ensina (a todos) a desenvolver a totalidade da inteligência.
Sternberg chama de inteligência plena ao conjunto das
capacidades de pensamento analítico, criativo e prático que se observa nas
pessoas bem-sucedidas. Ela envolve então:
a) O conjunto das capacidades necessárias para podermos
atingir o sucesso na vida.
b) A capacidade de reconhecermos e aproveitarmos ao máximo
as nossas aptidões e talentos.
c) A capacidade de reconhecermos e de compensarmos (ou
corrigirmos) os nossos pontos fracos.
d) A capacidade de nos adaptarmos a, modificarmos e
seleccionarmos ambientes ajustando o nosso pensamento ou comportamento para uma
melhor adequação ao ambiente em que estivermos a actuar, ou então escolhermos
um novos ambiente.
A inteligência plena exige capacidade analítica. Isto tem a
ver com a capacidade de observação, atenção, avaliação e comparação. A
capacidade criativa envolve o pensamento divergente, a inventividade e a
descoberta. Finalmente, a capacidade prática é a execução, aplicando aquilo que
se sabe. É óbvio que neste conceito está implícita a capacidade de
relacionamento com os outros (inteligência relacional, interpessoal ou social).
Nos ambientes de trabalho a capacidade menos valorizada e
treinada é a criativa. Tal como na escola. Mas a criatividade pode ser
fomentada nas empresas através da formação, da provocação e da própria criação
de condições que desafiem a imaginação criadora de todos.
(*) Sobre a WIKINOMIA:
A "wikinomia" assenta num princípio antigo: o da
colaboração entre as pessoas para alcançarem, juntas, o êxito na conquista dos
objectivos que comunguem. Mas a "wikinomia" é um conceito moderno,
nascido já no século XXI. Ele diz respeito à colaboração em massa através das
novas infraestruturas tecnológicas de comunicação interpessoal.
Um simples exemplo: no momento em que escrevo este post
dezenas de milhões de pessoas e organizações em todo o mundo partilham
notícias, informações e opiniões na blogosfera (uma rede auto-organizada de
mais de 50 milhões de sitios onde alguns dos maiores blogues recebem meio
milhão de visitas por dia (!), rivalizando com muitos jornais).
Mas não são apenas ideias, opiniões e notícias que são
trocadas na internet. O conhecimento é também partilhado assim como transacções
comerciais, acções de solidariedade, etc.
Há pois toda uma rede inteligente que ultrapassa a mera
estrutura tecnológica que lhe serve de base: é uma verdadeira infosfera que
liga os seres humanos, os quais, dessa forma, estão a partilhar a sua
inteligência, conhecimentos, informações e ideias!
Esta ligação em rede pode mudar a inteligência de uma
empresa fazendo com que o conhecimento colectivo se apoie na resolução de
problemas e na inovação. "É, assim, uma era de imensas promessas
inovadoras e de oportunidades inimagináveis" (in Wikinomics).
A ampla abertura da comunicação interpessoal que a internet
e as outras tecnologias nos proporcionam vão obrigar as empresas a adoptar uma
nova postura face aos mercados. Jamais poderão abrigar-se dentro das paredes
das fábricas e dos escritórios como era comum antigamente. Elas têm de ser
agora transparentes e, em definitivo, estabelecerem novas formas de
relacionamento com os seus públicos (internos e externos). A empresa
tradicional, fechada sobre si mesma, já não tem mais ar para respirar. Morrerá
sufocada se não se abrir para o mundo. Os riscos de uma mudança radical são
elevados. Mas as vantagens são muito mais prometedoras.