Vivemos numa época difícil da Humanidade. Mais do que em
qualquer outro tempo da história humana, este momento que atravessamos é
particularmente inquietante. Na verdade, estamos bem no centro de uma
encruzilhada onde ideias, convicções, modelos e certezas do passado se misturam
com novos elementos, conceitos e valores de uma sociedade em acelerada
transformação.
Muitas pessoas (até mesmo políticos e homens de negócios!)
ainda não se aperceberam como o mundo se modificou nos últimos 10 ou 15 anos e
como isso começou a afectar as suas vidas. Outras, desorientadas, não
descortinando as novas referências por que devem reger-se, vivem angustiadas,
com uma sensação de perigo entranhada na alma. Findou uma época.
A nova é carregada de complexidades, incertezas,
imprevisibilidades, rápida mudança e ambiguidades. O seu anúncio já se fazia
ecoar desde os anos 60 em obras como "O choque do futuro" de Alvin
Toffler.
Habitamos um mundo onde coexistem dois paradigmas: o do
materialismo tecnicista, fruto da idade fabril e tecnológica e o do novo
espiritualismo que faz apelo à reconversão dos valores da serenidade e da
sabedoria. Deste choque de ideologias e crenças resulta uma sociedade ainda
compreensivelmente conturbada e confusa. Basta abrir um jornal diário para
percebermos como está o mundo que nós próprios criámos ou aceitámos que fosse
criado (pelos detentores do poder e das grandes escolhas que afectam a
sociedade).
Crise financeira internacional, desemprego galopante em
muitos países, inquietações políticas, discursos inflamados mas vazios de
ideias, ódios desmedidos, consumismo idiota e sem nexo, a procura atabalhoada
pelo sucesso rápido, o deslumbramento dos novos ricos (jogadores de futebol,
vedetas do mundo do espectáculo, etc), a desorientação visível e a ingenuidade
assustadora de muitos adolescentes e crianças. Os empregos tornaram-se
precários e sê-lo-ão cada vez mais. As empresas já não oferecem garantias de
emprego para sempre.
As aposentadorias já não podem ser uma interrupção, o fim de
uma época da nossa vida. Os bons empregos já não são os de antigamente. Há
novas profissões a germinar por esse mundo fora. A sociedade é outra. Não é
pior que muitas outras épocas do que os nossos antepassados viveram. Mas não
podemos permitir-nos viver como se tudo estivesse como dantes quando hoje tudo
de desenrola e transforma muito rapidamente.
Não tenhamos ilusões! Vivemos a sociedade da informação e do
conhecimento e isto não é apenas um nome bonito para uso dos economistas e dos
políticos. Não.
Acorde! O mundo mudou mesmo!
Nós temos também de MUDAR. Mudar a nível pessoal. Temos de
nos informar mais, ler mais, tentar compreender as novas regras da sociedade,
manter-nos como cidadãos do mundo e não apenas como pessoas cujo horizonte
finda na nossa rua ou nos limites da nossa cidade. De outra forma ficaremos
mais e mais obsoletos sendo ultrapassados muito rapidamente pelos mais novos,
pelos nossos próprios filhos.
Vivemos numa sociedade plena de oportunidades e
possibilidades de realização. Temos, porém, de a compreender e como funciona. E
de nos mantermos activos e envolvidos sem medo de nos assumirmos - cada um de
nós - como agentes de mudança!